
Com uma rápida busca na internet, é possível entender que a Extensão Universitária é comunicação e relação estabelecida entre sociedade e universidade, onde as experiências são produzidas e compartilhadas, bem como o conhecimento. A extensão dentro do programa Sujeitos de suas histórias era baseada em trocas sinceras, na confiança entre participantes e extensionistas, na experimentação e evolução, e no jornalismo na prática para as possibilidades de expressão, criação e recuperação de memórias, e formação de identidades. Para mim, pensar em continuar com discussões tão importantes e que dependiam tanto do contato foi um grande desafio. Do lado de cá, enfrentava o medo do vírus, a incerteza do futuro, uma transformação do cotidiano, a solidão dentro de casa, e ao mesmo tempo a sobrecarga de informações, e imaginava que as crianças e adolescentes da escola poderiam partilhar de sentimentos parecidos.
Com a decisão de iniciar as oficinas online, outros desafios surgiram. As limitações de equipamentos e de internet marcaram o meu primeiro período letivo durante a pandemia e sentia que isso seria um fator dificultador para mim e para os alunos, e de fato foi. Nós precisamos, ainda mais do que nas oficinas presenciais, de planejamento, de estratégias, de planos “A”, “B” e “C”, e muita persistência e dedicação. Os alunos também precisaram. Os pais, os professores (os deles e os nossos). Cada um entregou o possível de sua atenção e determinação em meio a uma pandemia, um período histórico de crise, de perdas, de dores e de novas descobertas.
Tudo aquilo que já tinha sido observado e apreendido sobre o funcionamento das oficinas, nos auxiliou a tomar as decisões a respeito do conteúdo e formatos dos encontros virtuais, mas não existia, nem de longe, uma fórmula mágica. Algumas coisas se repetiram: surpresas, decepções, variações entre aulas cheias e animadas e aulas mais vazias e paradas, meninos e meninas de diferentes personalidades (desta vez identificadas pelas telas e fones de ouvido).
Recomeçando essa experiência em um novo ano, podemos nos sentir um pouco mais seguros depois do caminho atravessado. As expectativas são mais altas e a esperança dá sinais, mas com a consciência de que um longo e paciente trabalho precisa ser feito, com ainda mais cuidado, atenção e afeto para que os planos se tornem reais. Ser extensionista durante a pandemia não é fácil, mas o desafio é positivo no sentido de proporcionar uma interação a mais, mesmo que através da internet, de aprender e desenvolver novas qualidades, e de contar com uma rede de apoio de pessoas que, de formas e em condições diferentes, enfrentam um um problema semelhante.
Victória Oliveira